A Itaipu, uma das sete maravilhas da engenharia, fruto do trabalho coordenado entre Brasil e Paraguai, a maior geradora de energia limpa e renovável do mundo, um marco internacional na arquitetura diplomática há quase 50 anos produz energia vital para o desenvolvimento socioeconômico dos dois países.
A conservação dos ecossistemas, a restauração florestal, o manejo do solo, a contribuição para segurança hídrica, e o emprego dos princípios de desenvolvimento sustentável, lastrados em uma ampla rede de educação ambiental, motiva e mobiliza a conservação de todos os ecossistemas que integram a área de influência de Itaipu. Nesse contexto, as áreas protegidas da Itaipu foram reconhecidas pela UNESCO em 2019, como área núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Preservar o meio ambiente, reintroduzir animais para restabelecer o ciclo da natureza, recuperar nascentes e matas ciliares, reflorestar mais de 34 mil hectares com o plantio de 24 milhões de mudas de árvores nativas que formam um grande corredor de biodiversidade, servindo de modelo para o setor hidrelétrico mundial e prestando serviços ecossistêmicos relevantes.
Hoje Itaipu tem talvez, o único Plano Diretor Binacional de Gestão Ambiental do mundo, com zoneamentos e normas específicos para garantir os usos múltiplos do seu reservatório, de forma sustentável.
A Itaipu vai além, com atuação direta na gestão territorial em 54 municípios onde a Gestão Por Bacias Hidrográficas contempla as melhores práticas de conservação e manejo do solo integrado às áreas de reserva e preservação. Por fim, o uso de geotecnologias e inteligência artificial servem de substrato consistente para garantir, validar e valorar os serviços ecossistêmicos. O emprego dos princípios da sustentabilidade faz parte do negócio da Itaipu.
A Itaipu, por meio de seu modelo de gestão territorial para a segurança hídrica, e que inclui diversas ações socioambientais, contribui significativamente para que a região seja atrativa para investimentos públicos e privados, tenha um elevado interesse turístico e seja reconhecida por oferecer produtos e serviços que promovem a conservação da natureza.
Um dos principais espaços de demonstração das ações socioambientais da Itaipu é o Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), localizado em Foz do Iguaçu. Criado em 1984, com o objetivo inicial de abrigar os animais silvestres resgatados na área do reservatório, onde ocorreu a redução do espaço vital terrestre, e também para servir de base para a produção de mudas florestais para a formação dos cerca de 34 mil hectares de áreas protegidas da Binacional. Ao longo do tempo foram desenvolvidas em seus 1.920 hectares ações continuadas de repercussão internacional, que se tornaram referência para o setor elétrico, como a produção de mudas nativas da mata atlântica, o reflorestamento da mata ciliar do reservatório e os protocolos para criação de animais silvestres, especialmente de espécies chave, ameaçadas de extinção.
Também surgiu, no RBV, o conceito inovador do Canal da Piracema, inaugurado em 2022, que oferece às mais de 200 espécies de peixes identificadas em monitoramento contínuo a possibilidade de transpor a barragem da Itaipu no período de reprodução.
Fruto da consciência conservacionista pioneira de Itaipu Binacional, o RBV se aproxima dos seus quarenta anos de existência como uma importante vitrine de ações socioambientais desenvolvidas por Itaipu em toda a sua região de influência. Reconhecido desde 2019 como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), o RBV é um importante atrativo turístico de Foz do Iguaçu, recebendo anualmente mais de 30 mil visitantes, entre turistas brasileiros e do exterior, estudantes e professores das redes estaduais e municipais de ensino, pesquisadores do meio acadêmico e visitantes ilustres como embaixadores, políticos, o governador do estado, etc. A visitação tem como foco a demonstração de ações de conservação da biodiversidade, desenvolvimento sustentável e promoção do conhecimento científico realizadas pela Itaipu RBV e em toda a sua área de influência.
O Zoológico Roberto Ribas Lange, inaugurado em 2006, principal atrativo do roteiro de visitação ao RBV, abriga 347 animais de 57 espécies, sendo 15 répteis e anfíbios, 182 aves e 150 mamíferos. Os animais são provenientes do próprio centro de conservação e reprodução de animais silvestres da Itaipu, de outros zoológicos ou de órgãos ambientais como o Instituto Água e Terra – IAT, Ibama, ICMBio. O RBV conta, ainda, com o maior e mais bem-sucedido programa de reprodução de harpias do mundo. Desde 2009, nasceram ali 56 harpias. A unidade também tem tido sucesso na reprodução de onças-pintadas, com os últimos dois nascimentos ocorridos em novembro de 2022, além de outras espécies como a anta e aves ameaçadas de extinção. Os animais reproduzidos no RBV também são para outros programas de conservação e reintrodução de espécies ameaçadas no Brasil e no exterior.
Atualmente o RBV possui um dos mais conceituados viveiros florestais para a produção de mudas de árvores da mata atlântica no Brasil, com capacidade média para 350.000 mudas de mais de 100 espécies de árvores que são plantadas tanto nas áreas protegidas de Itaipu, quanto distribuídas para várias ações de restauração em toda a área de influência da empresa, que ultrapassa 200 municípios, nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.
O RBV passou por uma total reformulação de espaços entre as décadas de 1.990 e 2.000, quando foi contratado o escritório de arquitetura 3C Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (http://www.3c.arq.br/portfolio/002_rbv-15-anos/), para conduzir os trabalhos, considerando conceitos de sustentabilidade e integração do ser humano e o ambiente. Esta reformulação completa deu ao RBV as instalações indispensáveis a um salto de qualidade em conservação. O projeto priorizou tecnologias energéticas sustentáveis e materiais de construção de baixo impacto ambiental.
Desde então o RBV vem passando por atualizações pontuais e obras de manutenção, necessitando se adequar estruturalmente aos novos desafios adquiridos com o aumento da relevância do RBV no contexto turístico regional e na ampliação do escopo das ações socioambientais de Itaipu.
Mais uma vez o RBV se vê diante da necessidade de uma importante reformulação de espaços para adequar suas instalações estratégicas aos mais modernos conceitos arquitetônicos e técnicos para as ações de conservação ex-situ e refletir seu momento atual de reconhecimento como centro turístico, de pesquisa e de educação para a conservação dos recursos naturais para as futuras gerações. É neste contexto que o Concurso Nacional de Arquitetura é a ferramenta a ser utilizada para a seleção do projeto que melhor se adequa a estas necessidades do RBV.
A adoção da modalidade de Concurso Público Nacional de Arquitetura e Urbanismo, para a aquisição dos projetos para a Reformulação de Espaços no RBV, além de uma inovação para a empresa na forma de contratar, demonstra ainda a valorização do critério de qualidade para a aplicação dos recursos financeiros destinados à iniciativa.
Por fim, com esta importante iniciativa, a Itaipu Binacional contribuirá para melhorar a conservação de uma das áreas verdes mais relevantes de Foz do Iguaçu e do oeste do Paraná, associada a utilização pública inclusiva e sustentável, modelo para o Brasil.
Foz do Iguaçu, 27 de junho de 2023.
Itaipu Binacional